O que fazer ?

Matheus Sadde


I
No mundo do só
O desencontro se faz presente
O que fazer?
Se no outro não há
Há uma luta num terreno desconhecido
E o inimigo impera sedento
O que fazer?
Sem o desejo de ser
Quando os muros e as barreiras se tornam o comum
E o espaço só cabe a mim e ao eu
O que fazer?
Sem a abertura
Quando das trocas se fazem os interesses
Num jogo de mentiras e explorações
O que fazer?
Sem a empatia.
II
Nos mundos dos únicos e absolutos
Onde a diferença não tem vez, valor ou voz
O que fazer?
Sem o Outro.
Quando o valor do eu é inegociável
E o seu preço é impagável
O que fazer?
Sem o Ser...
Humano!
Quando do trabalho o humano é coisa
E a coisa é valor
O que fazer?
Sem o compartilhar
Quando da riqueza não nos serve sequer as necessidades
E a mesquinharia é a norma
O que fazer?
Sem o comungar.
III
No mundo em que só sabe o que nada sabe
O que fazer?
Sem o saber
Quando o conhecimento nos é estranho
E o cotidiano é alienação
O que fazer?
Sem a compreensão
Quando o entender é regra, conduta e profissão
E o julgamento é a lei
O que fazer?
Sem a percepção
Quando o conhecimento serve
E a realidade se faz de dissimulada
O que fazer?
Sem a verdade
IV
No mundo onde as ilusões sentem
E os afetos representam
O que fazer?
Sem o toque
Quando o gozo é só seu
E o prazer é de ninguém
O que fazer?
Sem a vontade
Quando os corpos são couraças
E armas a sua fronte
O que fazer?
Sem a entrega
Quando os encontros são vazios
E os sentidos não sentem
O que fazer?
Sem o amor
V
Quando a morte vem de dentro
Não somos! Não se é!
O que fazer?
Se não há vida
O que fazer?

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